E há dias, em que afinal a tal da idade até se nos apresenta como uma mais valia, pela serenidade que nos acarta, que ao acontecerem em tempos, determinadas situações, por certo a nossa capacidade de reacção seria diferente, aquém do necessário.
Não que as competências nos surjam do nada, apenas e só porque vamos prosseguindo neste caminho da vida, onde o avanço da idade se impõe. Surgem da aprendizagem, das experiência vividas, dos erros cometidos, bem como da junção de inúmeros outros factores, que se agrupam com o fim de nos potenciar o que chamo de capacidades, faculdades de vida.
Nestes momentos, e apesar dos obstáculos, uns simples, outros fortes e complicados, não deixo de sentir uma ponta de orgulho, porque me julgo capaz de qualquer coisa. Por causa deles, e devido a eles, que infelizmente, nem existem outras formas de crescimento.
Estou crescida, digamos assim.
CF
Crónicas de Mulheres Sem Idade
terça-feira, 26 de outubro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Papéis...
Isto na necessidade efectiva de nos assumirmos completas, julgo nem mérito ser, porque a cada dia mais sinto, que a sociedade mo exige, e a nossa correspondência deixa de ser um predicado, qualidade ou o que for, para se assumir como uma necessidade tamanha de nos encaixarmos por cá. Nem menosprezo o papel do Homem, que nestas coisas culturais tanta culpa têm eles como temos nós, é uma dualidade emparceirada, que por vezes tentamos empurrar para eles, quando eles, culpa não têm. Amo ser mãe, claro que sim, é uma das facetas mais importantes da minha vida que cumpro no dia a dia com um amor insuperável, uma dedicação tamanha e uma vontade sem limites. Continuo porém a não perceber, o porquê de estar sozinha nisto, quando o pequeno é obra de mim e de outrem, e que obra linda fizemos. É que na ausência da partilha, nas longas noites entre mãe e filho, o saber explicar porquê, assume-se como uma das mais duras tarefas que a vida me impõem a toda a hora. E seja como for, com mais ou menos esforço, sou eu que não posso, nem devo e nem quero, deixar de cumprir o meu papel.
CF
CF
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
De como descobrimos como nos mentem...
domingo, 19 de setembro de 2010
Das (in)certezas da vida
Porque será que as certezas que tenho são poucas e dias há em que parece que diminuem...
Sei das certezas da lógica matemática, do que me diz a teoria da física e da química.
Sobre a vida tenho várias teorias que desabam de vez em quando, quando a questão se torna prática.
A idade traz-me serenidade, calma, um olhar diferente sobre as questões da vida. Mas não me trás muitas respostas, talvez ainda mais questões...
É suposto ser assim?
sábado, 18 de setembro de 2010
Competências...
A idade deveria trazer-nos umas coisas, levar-nos outras, que se tudo tivesse escrito assim, seria muito mais fácil. Por esta altura, eu já deveria saber como se cura um desgosto, como se arrumam desilusões, como se recomeça, sem hesitar. Mas arrisco-me a dizer que nada, ou pouco sei. Sei erguer a cabeça e tentar seguir, sei deitar uma lágrima, embora diga que não, sei ficar triste, quando nada mais me apetece. Pensava eu que aos trinta, os abalos do coração já seriam abalos menores, que o malvado já deveria ter aprendido a não depositar-se demais onde não deve. Pior, é que num ápice, vindo do nada, parece que o mundo nos foge dos pés, porque ele só bate naquela direcção, errada, por demais errada. E convencê-lo disso, de que o caminho não é aquele, é outra das tais competências que eu já deveria ter adquirido.
CF
CF
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Conclusões
terça-feira, 14 de setembro de 2010
Será?
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Escola
Seria suposto que, com o passar dos anos, deixar filhos na escola não mexesse connosco. Eu, que até sou do crescimento independente, da liberdade, do avanço, hoje, na hora de o deixar, apetecia-me ficar. Ele, mestre em artes sensoriais, ou não fora meu filho, olha-me nos olhos e diz-me, podes ir mãe, que eu fico bem. Ele fica, bem sei, eu é que não. Mas é só hoje, isto passa.
CF
sábado, 11 de setembro de 2010
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Espinafres que sabem a chocolate
-Mãããããeeeee, não gosto da sopa.
-Tens de comer amor, está boa e faz-te bem.
-Não está nada boa, tem bocadinhos.
-E?
-E não gosto, pronto, sabe mal.
Vou passa-la com a varinha mágica e regresso.
-Vês mãe, assim já sabe muito melhor.
Comeu. Eu não sabia, mas o espinafre derretido deve saber a chocolate.
-Tens de comer amor, está boa e faz-te bem.
-Não está nada boa, tem bocadinhos.
-E?
-E não gosto, pronto, sabe mal.
Vou passa-la com a varinha mágica e regresso.
-Vês mãe, assim já sabe muito melhor.
Comeu. Eu não sabia, mas o espinafre derretido deve saber a chocolate.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
ÃH??
Sonhos
Na esfera dos sonhos perco-me com frequência. Tenho noites, em que os misturo com pensamentos, numa deambulação quase perfeita entre um estado de sono e um estado desperto, onde construo realidades que ambiciono, cá dentro, que ainda que fictícias, detêm a força do sonho e quase parecem reais. Noites há, como a de hoje, em que acordar me parece o melhor remédio, mas tenho outras, que me apetece prolongar ao infinito, pelo bem estar que me proporcionam. Depois temos aqueles fantásticos, que construímos acordados dentro da nossa cabeça. Mais facilmente analisados, porque são constructos consciêntes e não manifestações internas. Hoje, gosto especialmente se sonhar acordada. Com possíveis e impossíveis, com quereres e com vontades. Apraz-me especialmente alguns quase impossíveis que ainda ambiciono. Temo deixar de os sonhar, que julgo ser esse o dia em que eles se arrumam para sempre.
CF
CF
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Aceitação
Isto de ser mulher, tem muito que se lhe diga, ainda mais numa sociedade cada vez mais subjugada ao culto do corpo e ao aspecto exterior. Não condeno, antes pelo contrário, até porque faço uso de muitos produtos colocados à disposição para melhorar a casca que me cobre. Sou vaidosa, não digo q.b. porque sei que sou muito vaidosa. Raramente troco os meus saltos altos por outros mais baixos e confortáveis, cada vez a mais custo, confesso. A sombra e o rimel fazem parte de mim e só me separo deles à noite e na praia.
Tenho 38 anos e os pés de galinha, algumas estrias, celulite e cabelos brancos, já fizeram do meu corpo o seu porto de abrigo. Não gosto. E combato-os de todas as formas que sei. Mas alguns, os resistentes, cá vão ficando e temos mantido uma relação cordial e digo até com uma certa estima. Estão cá, eu sei e até lhes acho uma certa graça.
Em todo o meu percurso de vida, o mais caricato é que entre os 16 e os 29 anos passava a vida a reclamar ou porque estava mais magra, ou com celulite, ou com estrias, ou com acne, e por aí fora.
A partir dos 30 senti que finalmente me aceitei como sou e que acima de tudo gosto do que sou, por baixo da casca que tanto nos preocupa às vezes.
A CF é uma pessoa que admiro e que tal como eu também tem orgulho em ser como é por dentro e por fora, porque não há nada melhor do que estarmos de bem conosco para estarmos de bem com os outros e com a vida.
Sandra
Inicio
Pois que me vou encarregar da inauguração. O espaço vai ser partilhado com alguém, que em conjunto comigo decidiu, que por cá se falará de Mulheres e outros assuntos, com uma visão isenta de idade. Porque estamos no pós trinta e muito nos orgulhamos disso. Porque para nós, um ano a mais, significa um ano a mais de experiência, de riqueza, de alegrias e de tristezas, de crescimento e de percurso, e tudo isto nos justifica o pé de galinha que possa surgir, mas que em nada nos diminui. Tempos houve em que o medo de envelhecer me tocou, ainda que ao de leve, ainda que ao longe. Perseguia-me de tempos a tempos, malandro, como se de um aceno se tratasse, a cada cabelo branco, a cada grama a mais, a cada ruga, a cada passagem. Encarei de frente, que mais se faça, perante a plenitude da vida. Hoje, e ainda que disfarçando as pequenas marcas que a vida nos vai deixando, numa subjugação que mantenho à vaidade, preocupo-me muito mais com o meu interior, esse sim, parte fulcral do meu ser, do que com o meu exterior, simples capa, que necessita de esmerado zelo, mas basta. O meu eu, esse sim, merece um cuidado tremendo, que tenho ambição no que procuro. Uma ambição tamanha diria, que sempre me ocorre avançar. Não em riquezas ou outras grandezas externas. Mas em riquezas interiores, para as quais trabalho a cada dia que passa. Só assim justifico ter perdido o medo. Porque para crescer por dentro, é preciso deixar que o tempo passe, que ninguém cresce num ápice e ainda bem. Irei por certo a meio do caminho. Que o complete sempre a crescer por dentro é o que ambiciono. A propósito, tenho 33, quase 34. Sou a Carla e ela, a minha querida parceira de escrita, é a Sandra. Sejam benvindos por cá.
CF
CF
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